"‘Gênio do Crime’: Auditor da Sefaz-SP é Apontado como Líder de Esquema Bilionário com Ultrafarma"


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Da Redação

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) investiga o auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz-SP), apontado como o principal articulador de um esquema de fraude tributária que teria movimentado R$1 bilhão em propinas desde 2021. Preso na última terça-feira (12), Artur foi descrito pelos promotores como um “gênio do crime”, devido ao domínio absoluto das etapas do processo ilícito.

A operação que levou à prisão de Artur também resultou na detenção de Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, de um diretor do grupo Fast Shop e de mais três pessoas. Segundo o promotor Roberto Bodini, o auditor, formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) como o primeiro colocado de sua turma, dominava com perfeição os mecanismos de isenção e crédito tributário explorados para beneficiar empresas varejistas.

 Perfil Acadêmico e Profissional

Artur construiu uma carreira marcada por alto desempenho acadêmico e reconhecimento profissional. Além do ITA, foi aprovado no Instituto Militar de Engenharia (IME) e em Medicina na USP. Durante a graduação, recebeu o Prêmio Professor Rene Maria Vandaele e ganhou da Embraer uma viagem aos EUA para visitar empresas aeroespaciais e a NASA. Em junho deste ano, recebia salário de R$33,7 mil na Diretoria de Fiscalização da Sefaz-SP.

 O Esquema

De acordo com o MP, Artur utilizava seus conhecimentos técnicos e acesso ao sistema da Sefaz-SP para facilitar e aprovar pedidos de ressarcimento de créditos de ICMS de empresas como a Fast Shop e a Ultrafarma. Embora esses ressarcimentos sejam um direito das empresas, o procedimento é burocrático e sujeito a revisões internas — barreiras que eram eliminadas por Artur, que inclusive liberava valores acima do devido e em prazos reduzidos.

Um dos elementos centrais para a suspeita foi a descoberta de que uma senha de acesso ao sistema da Fazenda estava com uma contadora ligada ao esquema, levantando dúvidas sobre a participação de outros servidores.

 O Papel da Mãe e a Lavagem de Dinheiro

O caso começou a ser desvendado após os promotores identificarem o salto patrimonial da mãe de Artur, Kimio Mizukami da Silva, professora aposentada da rede pública, que em dois anos passou de R$411 mil para R$2 bilhões de patrimônio. Kimio é sócia da Smart Tax, empresa de fachada usada para lavar dinheiro, segundo o MP.

Fundada com participação de Artur, a Smart Tax não tinha funcionários e começou a oferecer “serviços” de assessoria tributária em 2021, justamente quando o esquema iniciou. Na prática, apontam os investigadores, era o auditor quem conduzia as negociações e recebia as propinas por meio da empresa da mãe, que alegou ter enriquecido investindo em criptomoedas.

 Reação das Autoridades

No mesmo dia das prisões, o secretário estadual da Fazenda, Samuel Kinoshita, esteve no MP-SP para discutir ações conjuntas visando evitar novas fraudes. O MP continuará cuidando da esfera criminal, enquanto a Fazenda deve reforçar os mecanismos internos de controle.

Até o momento, a defesa de Artur Gomes da Silva Neto não foi localizada para comentar as acusações.


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