Jogo Pesado: teria Trump já decidido romper relações com o Brasil?



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Por Vilma Gryzinski.

A escalada no tom diplomático entre os Estados Unidos e o Brasil indica uma possibilidade preocupante: Donald Trump já pode ter decidido seguir um caminho que leve à ruptura ou ao congelamento das relações bilaterais. Declarações de figuras como o vice-secretário de Estado Christopher Landau e o subsecretário para Diplomacia e Negócios Públicos Darren Beattie reforçam a percepção de que um enfrentamento sistemático está em curso. O desenlace desse embate poderia culminar na retirada de embaixadores, na suspensão de laços oficiais ou em uma ruptura aberta — algo inimaginável há poucas semanas.

Sempre que Beattie, conhecido por seu conservadorismo radical, faz uma publicação polêmica, a Embaixada dos EUA em Brasília a amplia — e o Itamaraty prontamente convoca Gabriel Escobar, encarregado de negócios, para repreendê-lo. O governo brasileiro chega a qualificar o comportamento como reflexo de “ranço colonialista”.

Christopher Landau elevou ainda mais o tom. Ele acusou um “único juiz” de “usurpar poder ditatorial” e de “destruir o relacionamento historicamente próximo entre Brasil e Estados Unidos”. Em um post controverso, provocou: “Se alguém conseguir achar um precedente na história humana em que um único juiz, não eleito, tenha assumido o controle do destino de sua nação, por favor, avise”.

Complexo de censura e radicalismo extremo..

Beattie não poupou críticas ao Brasil, mencionando um “complexo de censura e perseguição dirigido” contra bolsonaristas. Seu histórico no primeiro governo Trump — incluindo uma polêmica participação em reunião com supremacistas brancos — reforça o sinal de que sua presença nestas negociações traz consigo um caráter particularmente agressivo. Uma de suas falas mais emblemáticas:

> “Homens brancos competentes precisam estar no comando se quisermos que as coisas funcionem.”

O atual Trump, em seu segundo mandato, tem demonstrado um perfil ainda mais combativo, e Beattie está no centro desse novo estilo de atuação.

Contexto cultural e consequências comerciais

As tensões também têm um viés cultural. Trump parece usar o Brasil como exemplo para conter os efeitos de alinhamentos com potências como o BRICS. Sua plataforma própria, a Trump Media, chegou a mencionar o ministro Alexandre de Moraes, intensificando a crise simbólica

Ainda que não haja ruptura oficial, as consequências econômicas são claras: o Brasil busca isenções para exportações atualmente taxadas em até 50%, enquanto tenta manter linhas de importação dos EUA que são essenciais para o país. Um congelamento nas relações seria particularmente prejudicial para o equilíbrio comercial brasileiro.

Fonte: https://veja.abril.com.br/coluna/mundialista/jogo-pesado-teria-trump-ja-decidido-romper-relacoes-com-o-brasil/



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